domingo, 12 de fevereiro de 2023

 Mãos que puxam


                 Esses dias passados enfrentei muita tribulação, muitas coisas que não havia encarado anteriormente.

          Com chuvas fortes atingindo nossas cidades, enfrentei uma enchente que me traumatizou, mesmo eu não tendo tido todos os problemas de grandes perdas como muitas pessoas. Certo, eu me apavorei vendo aquela água toda entrar em casa, correr pela sala, entrar em um dos quartos e molhar minha matéria prima de trabalho. Meu medo de que a água subisse cada vez mais me deixou tão amedrontada que senti fortes dores no peito durante dois dias. O corpo dolorido depois do esforço para limpar a casa, em minha concepção, é muito normal e aceitável, nada que eu não possa controlar, uma vez que já encaro dores assim o tempo todo diante de qualquer esforço físico, se eu não me alongar. A idade pode não atingir nossas mentes, mas ela é um fator real em nossos corpos, e isso não podemos negar.

          No entanto, o que me chamou a atenção foi a ajuda que tive para limpar a minha casa, ajuda esta muito bem-vinda e sou muito grata, mas que me causou uma grande decepção. Explico: quando eu era criança aprendi com minha saudosa mãe que, quando estamos dispostos a ajudar, esse ato deve vir acompanhado de uma total falta de apego. Não devemos ajudar com o intuito de nos enaltecer. Quando estendemos nossas mãos, estas devem servis de apoio para levantar quem está caído. Quando ficamos o tempo todo falando para quem ajudamos que "ela estaria perdida sem nossa ajuda" ou qualquer coisa nesse sentido, onde está nossa caridade e real intenção de ajudar? 

Imagem Pixabay

            Foi o que encarei, foi o que ouvi e isso me deixou muito decepcionada. Depois houve outras coisas que me humilharam e me deixaram muito mal. Sei que não devemos permitir que atitudes mesquinhas e arrogantes nos firam, mas acontece e eu me senti assim.

               Hoje fui agraciada com a noção de que eu não devo julgar. Olhando de fora, posso ver quão infelizes essas pessoas são. São frustradas e estão cercadas de erros que não lhes permitem ver o semelhante como irmão, filho de um Deus vivo, poderoso, gentil. E eu, em minha pequenez, me deixei envolver por sentimentos que não fazem bem algum, ao invés de aprender a lição, me deixei levar pelos sentimentos ruins que me afastam de Deus.

               Vou contar aqui uma passagem que li em uma Liahona (revista de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), de outubro de 2010. Tal passagem foi comentada em um discurso do então Presidente da Igreja Thomas S. Monson:

              "Um jovem casal, Lisa e John , mudou-se para um novo bairro. Certa manhã, enquanto tomavam o desjejum, Lisa olhou pela janela e viu a vizinha do lado pendurando a roupa que tinha lavado.

               - Aquela roupa não está limpa! - exclamou Lisa. - Nossa vizinha não sabe lavar roupa direito.

               John deu uma olhada, mas não disse nada. Toda vez que a vizinha pendurava a roupa lavada, Lisa repetia seu comentário.

                Algumas semanas depois, Lisa ficou surpresa ao ver pela janela as roupas lavadas da vizinha, bonitas e bem limpas. Ela então disse ao marido: Olhe, John, ela finalmente aprendeu a lavar direito! Como será que conseguiu?

                 John respondeu: Bem, querida, eu sei a resposta. Talvez seja bom saber que levantei cedo, hoje, e lavei os vidros de nossas janelas!"

            É interessante como podemos ser tão cegos a ponto de não aprender uma simples lição, julgando o mal que o outro faz e não vendo o bem que está chegando até nós.

            O que aprendi?

             Que há mãos que puxam e mãos que empurram e que devemos nos esforçar ao máximo para não sermos as mãos que empurram.

       Aprendi também que não é vergonha alguma pedir ajuda. Pior seria cometer atos vergonhosos em nome da necessidade e pobreza.

              O importante é saber que tudo o que fazemos ao nosso semelhante, o fazemos a Deus e que, realmente, a caridade, que é o puro amor de Cristo, nunca falha (I Coríntios 13).

         "De modo que, meus amados irmãos, se não tendes caridade, nada sois, porque a caridade nunca falha. Portanto, apegai-vos à caridade, que é, de todas, a maior, porque todas as coisas hão de falhar. Mas a caridade é o puro amor de Cristo e permanece para sempre; e para todos os que a possuírem, no último dia tudo estará bem." (Moroni 7:46-47)

               Como ajudar?

               Visitas a orfanatos, asilos, creches etc.

               Uma bela e fervorosa oração.

               Arrecadações e doações.

               Ajudar um membro novo a se enturmar.

               Sorria! Dê bom dia, boa tarde, boa noite! Seja cortês!

               Motive as pessoas, ajude-as a descobrir o que tem de melhor dentro de si.

               Ensine uma criança a ler.


               Que possamos ajudar sem buscar recompensas e exaltação perante o mundo, pois "quando estais a serviço de vosso próximo, estais tão somente a serviço de vosso Deus". Que possa nossa luz brilhar, mas para a Glória do Senhor.

                    Deixo aqui alguns dos versículos de que mais gosto, que estão em Mateus 5. Que eles possam servir de inspiração, amor e valorização para todos nós.

                        "Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para lançar fora, e ser pisado pelos homens.

                   Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;

                        Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos os que estão na casa.

                       Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus."