quarta-feira, 22 de março de 2023

 Bolha? Que bolha?


                              Hoje eu estive pensando em algumas coisas que vi e ouvi durante esses meus dias complicados e confesso que surtei. É, surtei! Por quê? Deixem eu contar antes que desista.
                              Comecemos por essa coisa de pensar fora da caixa, sair da bolha. Que bolha? A  minha ou a sua?

                                Por que será que quando a gente pensa diferente é acusada de estar dentro de uma bolha? Será que sou eu mesma que estou em uma bolha, isolada do mundo e de suas tendências e evolução? Ou será que quem está nessa tal bolha é quem me acusa de ir contra tudo isso? Será que se eu concordar em aceitar as coisas que me incomodam estarei me livrando desse raio de bolha? 
                                     Esta semana assisti a uma palestra sobre violência contra a mulher. Fui muito interessante, mas me vi não concordando com muitos posicionamentos apresentados ali. Foi colocado que homens também sofrem abuso, mas em menor quantidade, e que nunca viram acontecer tão frequentemente e com a mesma violência com que atingem as mulheres.  Concordo que as mulheres sofrem abusos há anos e que só há poucos anos a conscientização sobre tais atitudes estão chegando a muitas, no entanto, no que se refere aos homens que sofrem violência, será que mais casos não são relatados porque eles têm vergonha de admitir que foram agredidos por mulheres? Vejam bem, não quero cm isso dizer que a violência contra a mulher é menos ou não existe. O que eu quero dizer é que adoraria que os esforços para fazerem com que as leis sejam cumpridas englobassem todos os seres. Explico-me: que haja esforços para que os crimes sejam devidamente punidos com rigor e sem artimanhas. Creio que assim tudo vai diminuir.
                                     E sim, estou muito cansada de pessoas quererem me dizer o que fazer, me cancelarem por eu pensar diferente, por eu agir diferente, por gostar de tudo o que eu gosto, por tentar ser feliz do meu jeito. É impressionante como desejam tanto serem respeitadas em suas vidas e demonstram tanta falta de respeito em relação a pessoas que não pensam como elas.
                                Estou assistindo a uma série onde pregam a liberdade sexual e muitas outras atitudes para que as mulheres se sintam bem. Será que alguma vez alguém pensou que muitas, mas muitas mulheres mesmo podem não querer ter uma enxurrada de parceiros sexuais? E novamente vem a tal da bolha aperrear minha paciência! Quer dizer, então, que eu não posso querer um relacionamento monógamo, ter uma família, filhos, o privilégio de ficar em casa cuidando deles, ao invés da obrigação de trabalhar para sustentar meu lar? E se eu quiser isso, estou sendo oprimida? Ou será que trata-se apenas de ESCOLHA? Pois é, eu penso que isso é simplesmente escolha de muitas e que não é respeitada.
                               Há muitos anos vi um filme chamado O Sorriso de Monalisa, que conta a história de uma professora de artes em uma escola para moças. O filme mostra que essa mulher é livre, tem seus amantes, suas decisões, decisões estas que levam à sua demissão (é spoiler sim, julguem-me!). No entanto, o que esse filme quis mostrar - e muitos não perceberam - era que aquelas mulheres tinham escolhas e muitas deixavam de exercer esse poder por medo, influência da família ou simplesmente por desleixo. Dois casos foram bastante destacados: o de uma das moças que se casa logo após sua formatura e depois se vê traída e maltratada pelo marido, tantando abandoná-lo, mas sendo dissuadida pela mãe, e outra, que a professora tanta fazer com que entre em uma universidade, levando os papéis de inscrição, e que mostra que ela sabia que seria aceita na tal universidade, mas escolhera se casar e formar sua família. A professora meio que se revolta, mas a moça explica que aquela era uma decisão dela, que seu noivo a apoiaria se ela quisesse ir para a universidade, mas ela exerceu seu direito de escolha. DIREITO DE ESCOLHA! Não é isso o que andam pregando por aí? Que temos que respeitar as escolhas? Onde estar o respeito pelas minhas? Onde está o respeito por  MIM? 
                                  Não sou feminista, jamais serei, pois vejo ali coisas que não me fazem bem, porque minha visão de liberdade não bate com atitudes que vão magoar e interferir na vida do outro. Ser livre é ter direitos, mas saber que há deveres a serem cumpridos; é respeitar o espaço do outro e atitudes exageradas, palavras equivocadas, nada disso compõe meu caráter.
                      Então, este é meu grito: EU NÃO AGUENTO MAIS SER OBRIGADA A CONCORDAR PARA SAIR DE MINHA BOLHA E ENTRAR NA BOLHA DOS OUTROS. Ser livre não é isso; é poder se exprimir, agir, de acordo com nossa cabeça, e ter a noção de que nossas atitudes precisam buscar não ferir e desrespeitar o espaço do outro. 
                                  O mundo anda tão chato! Que é de minha liberdade? Quero poder escolher, mesmo que seja ficar dentro de minha bolha.